Mario Vargas Llosa, um dos gigantes da literatura em língua espanhola dos séculos 20 e 21, faleceu, encerrando um capítulo significativo na história literária. Sua trajetória foi marcada por obras densas, críticas e profundamente humanas.
Desde sua estreia com "Os Chefes" em 1959, Vargas Llosa firmou-se como um autor influente. Em "A Cidade e os Cães" (1963), ele expôs a violência militar em internatos peruanos, quebrando tabus e revelando duras realidades. "A Casa Verde", publicada três anos depois, o projetou internacionalmente, consolidando-o como um ícone da literatura hispano-americana.
Sua obra-prima, "Conversa na Catedral" (1969), é tida como uma das mais importantes do século passado, por dissecar a corrupção política e moral no Peru. Em "A Festa do Bode", Vargas Llosa denunciou os horrores do regime de Rafael Trujillo na República Dominicana, reafirmando seu compromisso com a literatura como forma de denúncia e reflexão.
Mesmo após os 80 anos, Vargas Llosa continuou ativo, lançando obras como "O Herói Discreto" e "Tempos Ásperos", este último explorando os bastidores da intervenção norte-americana na Guatemala, que lhe rendeu o Prêmio Francisco Umbral de Romance.
Ao longo de sua carreira, suas obras foram traduzidas para mais de 30 idiomas, e ele recebeu prêmios como o Cervantes, o Príncipe de Astúrias das Letras e o Rómulo Gallegos, entre outros. Sua trajetória política também foi notável, marcada pela defesa da democracia liberal após a desilusão com a Revolução Cubana e sua candidatura à presidência do Peru em 1990, onde foi derrotado por Alberto Fujimori.
"Foi um erro ter saído da literatura."
Essa foi a declaração do autor, refletindo sobre sua experiência na política.
Naturalizado espanhol em 1993, Vargas Llosa tornou-se uma voz influente na Europa, criticando o populismo e defendendo a democracia. Sua relação com Gabriel García Márquez também foi marcada por uma abrupta ruptura, cujo motivo ele preferiu deixar para os biógrafos.
Até o fim, Vargas Llosa manteve-se fiel à escrita, enfrentando o mundo com livros e ensaios que sempre provocaram reflexão e debate. Um intelectual que merece todas as homenagens!
O legado de Mario Vargas Llosa permanece como um farol na literatura mundial, uma inspiração para futuras gerações de escritores e pensadores. Sua coragem em abordar temas espinhosos e sua defesa da liberdade e da democracia são exemplos a serem seguidos em tempos sombrios.
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