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AGU processa médico que apontou mamografia como causadora de câncer

A Advocacia-Geral da República (AGU) informou nesta quinta-feira (20) ter aberto uma ação civil pública contra o médico Lucas Ferreira Mattos, por ele ter dito em postagem nas redes sociais que o exame de mamografia causa câncer de mama.


A Advocacia-Geral da RepĂșblica (AGU) informou nesta quinta-feira (20) ter aberto uma ação civil pĂșblica contra o médico Lucas Ferreira Mattos, por ele ter dito em postagem nas redes sociais que o exame de mamografia causa câncer de mama.

Mattos, que tem1,3 milhão de seguidores no Instagram e 22 mil do YouTube, fez a declaração em outubro do ano passado, ao responder uma seguidora que o havia questionado sobre o que poderia fazer "pra acabar" com dois nódulos nos seios, que seu médico pessoal havia dito para somente acompanhar com a realização de exames.

"Vamos acompanhar? Acompanhar o quĂȘ, se o médico não estĂĄ fazendo nada para resolver. Ficar fazendo mamografia? Uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raio-x. Se aumenta a incidĂȘncia de câncer de mama por excesso de mamografia. Eu tenho 100% de certeza que seu nódulo benigno é deficiĂȘncia de iodo", disse o médico na ocasião, em uma resposta em vĂ­deo.

O caso levou os conselhos regionais de medicina de Minas Gerais e São Paulo a abrirem investigações tendo o médico como alvo. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) também informou, à época, não haver evidĂȘncia de que a mamografia possa causar câncer de mama e que, pelo contrĂĄrio, o exame previne a doença.

Agora, a AGU pede que o médico seja condenado a pagar R$ 300 mil em indenização por danos morais coletivos, por ter disseminado informação de saĂșde falsa. O órgão pede ainda que ele seja obrigado a apagar as postagens com a desinformação e a publicar conteĂșdo pedagógico e informativo sobre a mamografia produzido pelo Ministério da SaĂșde.

O material deve ser republicado durante a campanha do Outubro Rosa, que ocorre todos os anos para conscientiza sobre a importância do exame preventivo, segundo pede a AGU na ação.

Em nota, a AGU disse que "a propagação de desinformação sobre o tema pode desestimular mulheres a fazerem o exame preventivo, afetando as polĂ­ticas pĂșblicas de enfrentamento ao câncer de mama".

O órgão anexou ao processo nota técnica do Ministério da SaĂșde segundo a qual "é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos, de risco padrão, façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos. Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas".

A redação tenta contato com o médico para comentar o processo. Após a repercussão do caso, em outubro do ano passado, Mattos publicou novo vĂ­deo afirmando que suas declarações haviam sido distorcidas.

"Eu nunca postei aqui no meu Instagram que câncer de mama não existe. Eu falei no meu Instagram que radiação é um dos fatores que causa câncer, assim como qualquer outro tipo de câncer", disse na ocasião.

AgĂȘncia Brasil

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