
O Ibovespa e o mercado financeiro sentiram o impacto das preocupações com a economia dos Estados Unidos e as políticas tarifárias de Donald Trump. Dados recentes mais fracos do que o esperado e incertezas sobre os planos tarifários do presidente americano aumentaram a aversão ao risco nos mercados globais.
Na sexta-feira, o relatório de emprego de fevereiro já havia soado o alarme, com a criação de 151.000 postos de trabalho nos EUA, abaixo da previsão de 160.000. Pesquisas recentes também indicaram uma deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e empresários, em meio às tensões comerciais.
Comentários do próprio Trump no fim de semana agravaram o pessimismo. Em entrevista à Fox News, ele se recusou a prever se os EUA podem enfrentar uma recessão devido ao impacto de suas tarifas sobre Canadá, México e China, gerando forte reação nos mercados.
"O país passará por um "período de transição" devido às ações que seu governo está tomando, mas disse acreditar que as consequências serão positivas no final." disse Trump em entrevista à Fox News.
A incerteza demonstrada pelo presidente em relação aos impactos de suas medidas comerciais agitou os mercados, com investidores temendo o pior para a economia americana caso as tarifas sejam amplamente aplicadas em meio a uma atividade econômica em desaceleração. O dólar disparou em relação a moedas de países emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
"As moedas emergentes e os ativos de risco em geral estão sendo liquidados diante da possibilidade de recessão nos EUA. Junto à fragilidade das questões domésticas, o real se destaca como uma das alternativas mais vulneráveis em períodos de estresse" disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
No cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo Lula pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade. O governo anunciou a isenção da alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, para tentar conter os preços dos alimentos.
Os mercados aguardam a divulgação de dados de inflação ao consumidor nos EUA e no Brasil nesta semana.
Fonte: infomoney