
Um antigo livreto da Ford do Brasil, datado dos anos 1970, ressurge no acervo do Museu da Imprensa Automotiva (Miau), provocando discussões sobre os valores sociais da época. O material, intitulado "Guia do Comprador", promovia a linha Ford-Willys de 1970 e trazia artigos de colunistas renomados como Joelmir Beting e Expedito Marazzi.
A contribuição de Ibrahim Sued, do jornal O Globo, chamou a atenção. Em seu texto, Sued defendia que um carro de luxo era essencial para a satisfação pessoal e o sucesso masculino.
"Não há mulher no mundo moderno que resista à atração de um carro de luxo." afirmou Ibrahim Sued, colunista social do jornal O Globo.
Sued também sugeria que um carro de luxo poderia fortalecer o relacionamento conjugal, demonstrando o sucesso do marido.
O livreto também continha um artigo de José Lago, da revista O Cruzeiro, sobre a Ford Rural, onde reforçava o papel tradicional da mulher no lar.
Lago argumentava que um segundo carro era necessário para que as esposas pudessem cumprir suas obrigações diárias, como levar os filhos à escola e fazer compras.
Hoje, o conteúdo do "Guia do Comprador" geraria fortes críticas nas redes sociais. A percepção sobre igualdade de gênero mudou drasticamente desde os anos 1970, tornando as mensagens do livreto ultrapassadas e ofensivas.
Este caso demonstra como a publicidade reflete os valores de uma época, destacando a necessidade de uma abordagem sensível e inclusiva na comunicação contemporânea. É evidente que os tempos mudaram, e o que era aceitável no passado hoje seria amplamente rejeitado.
A mensagem da Ford, vista sob a ótica atual, soa como um anacronismo, um retrato de uma sociedade que valorizava papéis de gênero hoje considerados ultrapassados. A análise desse material nos permite refletir sobre a evolução dos valores sociais e a importância de uma comunicação mais igualitária e respeitosa.
O episódio serve como um lembrete de que a publicidade não é apenas sobre vender produtos, mas também sobre refletir e influenciar os valores da sociedade. Marcas como a Ford, hoje, buscam se alinhar a um discurso mais inclusivo e progressista, reconhecendo a importância de adaptar suas mensagens aos novos tempos.
Fonte: terrabrasilnoticias