As taxas de juros futuros de longo prazo caíram significativamente na tarde desta quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025, após um dia de oscilações. Essa queda acompanhou o recuo dos Treasuries, impulsionado pelo anúncio menos severo que o esperado da reciprocidade na aplicação de tarifas pelo presidente Donald Trump.
Já em prazos curtos e intermediários, a queda nas vendas do varejo, sinalizando um enfraquecimento da economia, manteve as taxas baixas desde a abertura do mercado. A curva de juros fechou abaixo de 15%. O DI para janeiro de 2026 terminou em 14,82%, o de 2027 em 14,93% e o de 2029 em 14,78%.
A expectativa em torno do anúncio de Trump sobre as tarifas manteve o mercado em suspense durante todo o dia. A pressão de alta no dólar foi contrabalançada pelo alívio nos yields dos títulos do Tesouro americano, segurando as taxas longas.
"A reciprocidade não será aplicada de forma linear, mas segmentada por produto, incluindo veículos, chips e produtos farmacêuticos, o que reduz o eventual impacto sobre a balança comercial brasileira." concluiu Trump.
O anúncio, que incluiu o etanol brasileiro como exemplo de falta de reciprocidade, trouxe alívio ao mercado. A entrada em vigor das medidas a partir de 1º de abril dá tempo para negociações. Com isso, os retornos dos Treasuries caíram ainda mais, a T-Note fechando em 4,52%, abaixo dos 4,60% do dia anterior. O dólar fechou em R$ 5,7689.
O desempenho do varejo teve papel importante na dinâmica das taxas curtas. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de dezembro mostrou retração de 0,1% nas vendas no conceito restrito, em linha com as estimativas. A queda de 1,1% no conceito ampliado, contrariando as expectativas de alta, chamou atenção para o desempenho negativo de setores como o de veículos (-0,8%), afetados pelas altas taxas de juros.
Essa desaceleração econômica, combinada com a queda nos serviços e na indústria, corrobora a percepção de um crescimento econômico mais lento desde o final do ano passado. Isso pode levar a uma redução nas expectativas para a taxa Selic terminal. A precificação da Selic terminal caiu nos últimos dias, passando de pouco acima de 15,75% para 15,50%, segundo Flávio Serrano, economista-chefe do Bmg.
Em resumo, a queda nos juros futuros foi influenciada tanto por fatores externos, como o anúncio de Donald Trump, quanto por fatores internos, como a fraqueza do setor de varejo brasileiro.
Fonte: infomoney
