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Câmara dos Deputados

Procuradora da Câmara defende as chamadas "mães de Haia" no STF


Soraya Santos em sustentação no STF nesta quinta-feira.
A procuradora da Mulher na Câmara dos Deputados, deputada Soraya Santos (PL-RJ), fez sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF) defendendo as chamadas "mães de Haia" - mulheres brasileiras que voltam ao PaĂ­s fugindo de relacionamentos abusivos com estrangeiros, mas acabam perdendo a guarda dos filhos devido a uma interpretação da Convenção de Haia.

"Como o Estado brasileiro vai receber essas mulheres: como vĂ­timas ou sequestradoras?", questionou a procuradora da Mulher. Segundo Soraya Santos, quando essas mulheres são tratadas como sequestradoras, a partir dessa interpretação da convenção, são impedidas inclusive de conseguir trabalho digno.

O STF começou, nesta quinta-feira (6), o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7686) em que o Psol questiona um dos pontos da Convenção da Haia, tratado internacional que visa facilitar o retorno de crianças retiradas ilegalmente de seu paĂ­s de origem.

A norma internacional permite que um Estado deixe a criança permanecer em solo estrangeiro sem a autorização do genitor se houver risco de grave perigo fĂ­sico e psĂ­quico em seu paĂ­s de origem. A ação pretende incluir a violĂȘncia doméstica nessa interpretação, mesmo que a criança não seja a vĂ­tima direta, e sim a mãe. O Psol argumenta que o retorno a um ambiente de violĂȘncia fere os direitos da criança previstos na Constituição brasileira.

"O tratado de Haia foi assinado hĂĄ 40 anos e, ao longo desses 40 anos, nós produzimos um arcabouço legislativo do qual o Brasil se orgulha, somos referĂȘncia em leis na proteção da mulher, a exemplo da
Lei Maria da Penha", citou Soraya Santos.

"Foi sancionada em outubro de 2023 a lei que trata da guarda compartilhada, que traz duas exceções para não permitir o compartilhamento da guarda, e uma delas é o simples risco de violĂȘncia no lar", acrescentou a procuradora, salientando que a lei não trata de comprovação da violĂȘncia, mas, sim, do simples risco.

Outras manifestações
O relator do caso, ministro LuĂ­s Roberto Barroso, presidente da Corte, fez a leitura do resumo do caso. Ele informou que formalmente a Câmara dos Deputados manifestou-se pela constitucionalidade da convenção e, logo, contra o pedido do Psol. JĂĄ a Defensoria Geral da União se manifestou pela procedĂȘncia do pedido.

A presidĂȘncia da RepĂșblica e a Advocacia Geral da União, por sua vez, manifestaram-se pela procedĂȘncia parcial do pedido, exigindo a comprovação de violĂȘncia doméstica para que se configure risco de grave perigo fĂ­sico e psĂ­quico à criança.

Defesa do Psol
"Essa ADI trata da entrega de crianças e adolescentes para genitores abusadores e agressores; portanto, clamamos por Justiça e que a Convenção de Haia seja aplicada de acordo com a Constituição brasileira", defendeu a deputada Luciene Cavalcante (Psol-SP), que falou pelo partido.

Ela chamou a atenção para a dificuldade de se juntar provas da violĂȘncia doméstica e defendeu a validade da palavra da vĂ­tima como prova, diante dessa dificuldade.

"Como comprovar se mesmo quando esta mulher coloca o pé na embaixada brasileira no exterior, que é solo brasileiro, não hĂĄ protocolo nem mesmo para registrar a denĂșncia?", questionou a procuradora Soraya Santos.

O julgamento foi suspenso nesta quinta-feira. A apresentação dos votos deverĂĄ ser iniciada em uma sessão futura, em data a ser decidida posteriormente.

Projeto de lei
EstĂĄ em anĂĄlise no Senado Federal um projeto de lei (PL 565/22), jĂĄ aprovado pela Câmara, para enfrentar essa situação e garantir que haja retorno imediato da criança ao Brasil quando houver a prĂĄtica de violĂȘncia doméstica contra a mãe ou contra a criança.

AgĂȘncia Câmara NotĂ­cias

mães de Haia STF Convenção da Haia

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