A Defensoria PĂșblica do Estado do Amazonas (DPE-AM) estĂĄ atuando na 29ÂȘ Semana Justiça pela Paz em Casa na capital e no interior. O evento busca destacar a importância da Lei Maria da Penha (lei 11.340/2006), assim como as ações necessĂĄrias e estratégias para a sua efetiva aplicação.
A atuação da DPE-AM durante a semana envolve julgamentos de processos de violĂȘncia doméstica familiar e casos de feminicĂdio e tentativa de feminicĂdio. Nas audiĂȘncias, a assistĂȘncia da Defensoria PĂșblica estĂĄ voltada à defesa dos réus.
A defensora pĂșblica Luisa Lana, que atua em Benjamin Constant e Atalaia do Norte, contudo, reforça a amplitude do trabalho da instituição na garantia de direitos. "A nossa atuação na Semana da Paz em Casa envolve não só a defesa em procedimento judicial (direito constitucional consagrado a qualquer pessoa acusada de um delito), mas uma possibilidade de estar em contato com as partes e esclarecĂȘ-las sobre direitos humanos, igualdade de gĂȘnero e a necessidade de erradicação da violĂȘncia contra a mulher", observa.
A defensora pĂșblica Emilly Santos, que atua nas comarcas de Barreirinha, NhamundĂĄ e Parintins, explica que os principais casos de violĂȘncia doméstica atendidos durante a campanha são de lesão corporal, vias de fato e violĂȘncia psicológica. De acordo com a defensora, estĂĄ havendo casos de condenação e absolvição por variados fatores, como desistĂȘncia da vĂtima de falar, que acarreta a falta de provas. "É direito da vĂtima ficar em silĂȘncio durante a audiĂȘncia para que não seja revitimizada", explica.
Combate à violĂȘncia
Em Tefé, a cerimônia de abertura da campanha, que aconteceu na segunda-feira (10), destacou a importância de uma reflexão social acerca da necessidade de se combater todas as formas de violĂȘncia contra as mulheres. A defensora pĂșblica Suian Lopes, que realiza o atendimento às mulheres vĂtimas de violĂȘncia familiar no municĂpio, falou sobre os mecanismos de proteção e a atribuição da DPE-AM nesse sentido.
"Na abertura da Semana da Paz em Casa, houve uma palestra em que falei junto do promotor e da delegada da Especializada. Abordamos sobre a Lei Maria Penha e eu falei sobre a atuação da Defensoria PĂșblica na solicitação de medida protetiva e o nosso acompanhamento especializado, em que as mulheres são atendidas mediante agendamento, para evitar tenham contato com o agressor", explicou.
No momento do atendimento, a vĂtima é atendida por uma servidora mulher e ainda é disponibilizada uma assistente social, que realiza o acompanhamento socioassistencial das vĂtimas do municĂpio.
"A gente também fez um bate-bola com o promotor e a delegada sobre o ciclo de violĂȘncia, explicando quais são as medidas protetivas e demos alguns casos prĂĄticos da atuação conjunta de nós trĂȘs. A ideia foi passar o trabalho da instituição enquanto proteção às mulheres vĂtimas de violĂȘncia", concluiu a defensora.
Suian Lopes ressalta que a legislação prevĂȘ que a Defensoria PĂșblica acompanhe as mulheres vĂtimas de violĂȘncia doméstica familiar.
"Esse acompanhamento é justamente para orientar a vĂtima que ela tenha o direito ao silĂȘncio, orientar também que esse direito ao silĂȘncio pode trazer como consequĂȘncia a não responsabilização criminal do acusado, uma vez que esses crimes são cometidos em clandestinidade e geralmente a Ășnica prova que temos produzida em juĂzo é a palavra da vĂtima", disse.
Ainda conforme a defensora, esse trabalho de acompanhamento é realizado especialmente na capital.
Sobre o evento
O programa Justiça pela Paz em Casa é promovido pelo Conselho Nacional de Justiça em parceria com os Tribunais de Justiça estaduais e tem como objetivo ampliar a efetividade da Lei Maria da Penha (lei 11.340/2006), concentrando esforços para agilizar o andamento dos processos relacionados à violĂȘncia de gĂȘnero.
Iniciado em março de 2015, o Justiça pela Paz em Casa conta com trĂȘs edições de esforços concentrados por ano: as semanas ocorrem em março (marcando o Dia Internacional das Mulher); em agosto (por ocasião do aniversĂĄrio de sanção da Lei Maria da Penha); e em novembro (quando a ONU estabeleceu o dia 25 como o Dia Internacional para a Eliminação da ViolĂȘncia contra a Mulher).
O programa também promove ações interdisciplinares organizadas que objetivam dar visibilidade ao assunto e sensibilizar a sociedade para a realidade violenta que as mulheres brasileiras enfrentam.
DPE-AM