
Os burburinhos das primeiras semanas de janeiro em torno da taxação do Pix me fizeram lembrar da passagem bíblica que se encontra no livro de Marcos 12:14, em que os fariseus tentam armar uma cilada para Jesus. Eles fazem uma pergunta capciosa se seria lícito ou não pagar tributo a César, o imperador romano, na tentativa de colocá-lo em conflito com as autoridades romanas ou com o povo judeu, que era oprimido pelo domínio romano. Se Jesus dissesse "É lícito", os próprios Fariseus o acusariam de traidor de Israel. Se dissesse "Não", seria condenado por insurgência ao Império. Naquele momento, sendo conhecedor dos pensamentos humanos e percebendo a malícia da questão, a resposta de Jesus foi reconhecer a legitimidade das autoridades seculares e a importância de cumprir obrigações sociais, como pagar impostos.
Todos nós, enquanto vivermos aqui pela Terra, estamos sujeitos a cumprir todas as regras estabelecidas pela força da lei. Mas o que vimos e ouvimos nesta semana foi a capacidade desastrosa que a insistência em buscar artifícios para manter o status que penaliza o povo que o elegeu, pode proporcionar numa nação. Construir uma narrativa que justifique esse atrapalho, afirmando ser fake news, sinceramente na minha opinião, e acredito que é a mesma de muitos brasileiros, é subestimar nossa capacidade de entendimento.
O cidadão, pequeno empreendedor, ou um pequeno empresário que arduamente trabalha e faz a economia deste país girar, a cada dia sente a grande dificuldade em manter-se no mercado. O Brasil possui uma carga tributária de cerca de 33%. Porém, diferente dos países que cobram taxas até mais altas, como o caso da Dinamarca e da Bélgica,que possuem uma prestação de serviços públicos excelentes, o retorno aqui é praticamente imperceptível. Essas nações mantém o título de melhor qualidade de vida do mundo, os serviços prestados são inquestionáveis. Por aqui, estão muito longe de níveis medianos. Nossa população precisa de saúde, segurança, habitação, infraestrutura e educação de qualidade para viver.
Ao invés de fechar as torneiras dos gastos, simplesmente buscam criar alternativas que imputam ao povo mais essa carga. A nossa "Roma"está querendo muito mais do que oferece de retorno.As regalias dos palácios consomem boa parte do que é arrecadado, causando desequilíbrio nas contas públicas e onerando cada vez mais serviços e produtos básicos à sobrevivência.
O povo acordou! E a demonstração da força da opinião pública nos ensinou que, se acreditarmos,poderemos derrubar outros gigantes que venham se levantar. Mas precisamos estar atentos, porque quando a poeira baixar, podem criar novamente mecanismos para aumentar a arrecadação de impostos.
Como parlamentar neste estado do Amazonas,afirmo a você que precisamos deixar o mais do mesmo de lado e estarmos alerta para as decisões que tramitam nas casas legislativas, nas três esferas de governo e ainda o inusitado que acontece nos tribunais desta nossa amada terra do Brasil.
Política é o dia a dia de nossas vidas. Não podemos repetir o discurso alheio que deixa a mente cauterizada sobre a compreensão das ações que irão repercutir no nosso cotidiano. Ouvi muitas vezes de conhecidos que política não se discute, e isto é uma mentira implantada para não questionarmos ações erradas. Precisamos ter a capacidade de dialogar com sabedoria sobre o que acontece diariamente, evitando os pensamentos polarizados com extremismos que nos deixam cegos sem avaliar tecnicamente o certo e errado.
"Dai a César o que é de César com respeito ao povo, que é de Deus!"
Dan Câmara é Deputado Estadual, Presidente da Comissão de Segurança Pública, Justiça e Defesa Social na ALEAM, Presidente da Comissão de Justiça e Segurança Pública da UNALE, Cofundador da Força Nacional de Segurança especialista em Planejamento Estratégico, Presidente de honra do Clube militar dos veteranos.