
Um relatório recente da Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado em março de 2025, traz dados preocupantes sobre a qualidade da água nas bacias hidrográficas da Mata Atlântica. O estudo, intitulado Observando os Rios 2025, indica que a situação dos rios permanece crítica, com poucos avanços em relação ao ano anterior e, em alguns casos, até mesmo piora.
Durante o ano de 2024, foram realizadas 1.160 análises em 145 pontos de coleta, abrangendo 112 rios e corpos d"água em 67 municípios de 14 estados, desde o Piauí até o Rio Grande do Sul. Os resultados revelam um cenário alarmante: apenas 7,6% dos pontos apresentaram boa qualidade, enquanto a grande maioria, 75,2%, foi classificada como regular. Além disso, 13,8% dos pontos foram considerados ruins e 3,4% péssimos, sem nenhum ponto com qualidade considerada ótima.
Apesar dos números negativos, o relatório aponta que 83,8% dos pontos analisados ainda possuem condições para múltiplos usos da água, como abastecimento humano, agricultura e lazer. No entanto, a predominância da categoria "regular" demonstra que a situação está longe do ideal e exige atenção.
A comparação com os dados de 2023 revela uma estabilidade preocupante, com uma leve piora em alguns pontos específicos. Em 127 locais monitorados em ambos os anos, houve um aumento no número de pontos classificados como ruins, passando de 12 para 16. A situação dos pontos considerados péssimos, como o rio Pinheiros em São Paulo e o ribeirão dos Meninos em São Caetano do Sul, permaneceu inalterada.
Um dos principais fatores apontados pelo relatório como responsável pela baixa qualidade da água é a precariedade do saneamento básico no país. Segundo a fundação, menos da metade da população brasileira tem acesso a esse serviço essencial. Outros fatores que contribuem para a degradação dos rios incluem o despejo de esgoto sem tratamento, ocupações irregulares, uso de agrotóxicos, desmatamento e urbanização desordenada.
"Manter o enquadramento de um rio em Classe 4 leva a esse tipo de situação, em que um rio de qualidade péssima está dentro dos conformes regulatórios." diz o relatório, denunciando falhas estruturais na regulação ambiental.
Diante desse cenário, a SOS Mata Atlântica defende a necessidade de mudanças legislativas e a ampliação de investimentos em saneamento, proteção de nascentes e recuperação de matas ciliares. A organização ressalta que o monitoramento voluntário da qualidade da água é um instrumento essencial de cidadania e governança, e que é preciso agir para reverter o atual quadro e garantir o acesso à água potável para todos.
Fonte: revistaoeste