O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, criticou duramente as recentes declarações do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a atuação policial no Brasil. O discurso ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde Derrite classificou a fala do ministro como "absurda".
Derrite questionou a afirmação de Lewandowski de que "a polícia prende muito mal", argumentando que essa seria a justificativa para a soltura de criminosos pela Justiça. O secretário paulista apresentou dados que, segundo ele, comprovam a eficiência da polícia do estado.
"Estamos prendendo muito mal os mais de 389 mil criminosos que os nossos policiais prenderam? Ou as 16 vezes que aquele criminoso foi preso? Acho que nós é que estamos errados. Será que é isso? A gente sabe que não é." indagou o secretário.
O secretário também criticou o sistema judiciário brasileiro, apontando falhas na legislação que permitem a soltura de criminosos reincidentes. Ele citou um caso em Itaquaquecetuba, onde sequestradores foram liberados após uma acusação de agressão policial, mesmo sem provas.
"Para isso, os policiais fizeram exame de corpo de delito, nos quatro, e nenhum arranhão foi constatado em nenhum deles. Mas a palavra de uma sequestradora convenceu o juiz a liberar os quatro." relatou Derrite.
Derrite também criticou o sistema de saídas temporárias, mencionando o caso do sargento Roger Dias, assassinado por um criminoso beneficiado pela saidinha.
"O país clama por mudança na legislação. Prendemos em dois anos, batemos todos os recordes anteriores, e detalhe, com o menor efetivo da história." disse o secretário.
Derrite destacou os resultados alcançados pela polícia paulista, como a menor taxa de homicídios e roubos da história, além da redução no roubo de cargas. Ele mencionou operações bem-sucedidas, como a Big Mobile e a Adaga, que apreenderam milhares de celulares roubados e retiraram criminosos das ruas.
"A menor taxa de homicídios da história, a menor taxa de roubos da história. Redução de quase 27% de roubo de carga no Estado de São Paulo. Grandes operações, operações de inteligência da polícia civil realizadas." listou o secretário.
O secretário também ressaltou a importância de investimentos em tecnologia e estratégias para o combate ao crime, como o uso de drones, monitoramento remoto e policiais infiltrados. Ele citou a Operação Carnaval, que reduziu os roubos de celulares durante as festividades.
Derrite mencionou o programa Muralha Paulista, que integra sistemas de monitoramento municipais ao banco de dados estadual, facilitando a identificação de criminosos por meio de câmeras inteligentes e reconhecimento facial. Ele também destacou o projeto de flagrante remoto, que evita o deslocamento de viaturas para cidades vizinhas.
A fala de Derrite demonstra a crescente tensão entre o governo estadual de São Paulo e o governo federal em relação às políticas de segurança pública.
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