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Câmara dos Deputados

Defesas Civis cobram carreira, recursos e menos burocracia diante de catástrofes

Reunião da Comissão sobre Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais Representantes das Defesas Civis de vários estados pediram a ajuda da Câmara dos Deputados para superar entraves na transferência de recursos em situações de emergência e estado de calamidade pública, cada vez mais comuns diante das mudanças climáticas.


Reunião da Comissão sobre Prevenção e Auxílio a Desastres e Calamidades Naturais

Representantes das Defesas Civis de vĂĄrios estados pediram a ajuda da Câmara dos Deputados para superar entraves na transferĂȘncia de recursos em situações de emergĂȘncia e estado de calamidade pĂșblica, cada vez mais comuns diante das mudanças climĂĄticas.

O debate ocorreu nesta quarta-feira (12) na Comissão Especial de Prevenção a Desastres Naturais. A proibição de
contingenciamento do orçamento do setor é uma das prioridades, segundo a diretora de Proteção e Defesa Civil da ParaĂ­ba, MĂĄrcia Andrade. "Esse descontingenciamento é super, hiper relevante para todas as defesas civis de cada estado", enfatizou.

A burocracia e o rigor de algumas leis também tĂȘm impedido o pronto-atendimento às vĂ­timas de catĂĄstrofes. A Defesa Civil estadual de São Paulo pediu alterações nas leis de Responsabilidade Fiscal e do Cadim, um dos cadastros de débitos não pagos com a União.

A subdiretora de Defesa Civil do estado de SP, major Tatiana Rocha, mostrou como itens dessas leis impediram o estado de firmar convĂȘnios voluntĂĄrios com os municĂ­pios paulistas que decretaram emergĂȘncia ou calamidade em 2023 e 2024. "De 135 municĂ­pios que tiveram a decretação, nós conseguimos chegar com recurso por meio de convĂȘnio apenas em 11 municĂ­pios. Obviamente, a gente acaba auxiliando por meio de doação e ajuda humanitĂĄria, mas a questão é que, via convĂȘnio, conseguimos celebrar apenas com 11 municĂ­pios justamente pelo grau de severidade que a gente tem na legislação", afirmou.

Burocracia
Em caso de calamidade pĂșblica, Tatiana Rocha defendeu convĂȘnios sem restrições entre estados e municĂ­pios. Também pediu flexibilização nas leis estaduais de diretrizes orçamentĂĄrias, sobretudo quanto ao prazo de encerramento do exercĂ­cio financeiro.

A major explicou a necessidade desse ajuste na legislação. "Os nossos eventos climĂĄticos relacionados às chuvas vão acontecer em dezembro, que é a hora em que eu estou encerrando o exercĂ­cio orçamentĂĄrio. E, muitas vezes, a gente vai bater na porta de uma utilização de recurso quando o recurso jĂĄ foi recolhido e só vai retornar no ano seguinte. O recurso da saĂșde é excepcionalizado nesse sentido e entendemos que o recurso para desastres também deveria ser", salientou.


Bruno Spada/Câmara dos Deputados Wolnei Wollf, secretĂĄrio nacional de Defesa Civil

Rio Grande do Sul
Quando acionado, o governo federal pode socorrer estados e municĂ­pios em ajuda humanitĂĄria, restabelecimento e reconstrução. O secretĂĄrio nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Wolnei Wolff, lembrou que, só na tragédia de inundações do Rio Grande do Sul, a pasta repassou R$ 1,3 bilhão para 269 cidades gaĂșchas e R$ 2,2 bilhões para 433 mil famĂ­lias, além de ter aprovado a construção de mais de 6 mil novas residĂȘncias.

Duas medidas provisórias sobre o tema foram aprovadas nesta quarta-feira pela Câmara:

O secretĂĄrio nacional de Defesa Civil avaliou que as atuais leis e a possibilidade de edição de medidas provisórias jĂĄ garantem rapidez no repasse de recursos. No entanto, Wolff reclamou da dificuldade das prefeituras em processos simples de solicitação do estado de emergĂȘncia no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID).

"O sistema tem os modelos de como se deve proceder para fazer uma declaração. São cinco modelinhos e, mesmo assim, os municĂ­pios ainda tĂȘm dificuldade e isso impacta na celeridade do processo de encaminhamento de recursos para o municĂ­pio", disse o secretĂĄrio nacional de Defesa Civil.

Wolney Wolff apontou a falta de uma carreira pĂșblica e oficial como outro "entrave histórico" da defesa civil. "Eu, particularmente, acredito que o pontapé tem que ser do governo federal. Com concurso pĂșblico e servidores pĂșblicos dedicados, a gente vai dar um salto de qualidade no nosso resultado à população impactada do desastre. Isso serĂĄ um exemplo para estados e municĂ­pios", disse.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados Gilson Daniel, relator da comissão

Projetos de lei
Organizador do debate, o relator da comissão especial da Câmara, deputado Gilson Daniel (Pode-ES), informou que algumas soluções jĂĄ constam de projetos de lei em anĂĄlise na Câmara. Ele também se manifestou favorĂĄvel a uma discussão sobre as carreiras da defesa civil.

"Nós vamos trabalhar essa questão da alteração da Lei do Cadin e da Lei de Responsabilidade Fiscal, nós jĂĄ apresentamos projetos. Também vamos buscar uma forma de, ao final do trabalho dessa comissão, apresentar uma lei geral de transferĂȘncia nos casos de emergĂȘncia e calamidade pĂșblica e para não contingenciar recursos no perĂ­odo de calamidade e emergĂȘncia", disse o relator.

O deputado TarcĂ­sio Motta (Psol-RJ) defendeu um "sistema Ășnico de proteção socioambiental" para superar a atual gestão fragmentada da defesa civil.

Agenda
De quinta-feira a sĂĄbado (13 a 15/03), a comissão especial farĂĄ visita oficial ao Rio Grande do Sul a fim de acompanhar as medidas tomadas após a tragédia de inundações ocorrida em maio do ano passado.

O primeiro compromisso serĂĄ um encontro com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e com outros gestores municipais que atuaram diretamente no socorro às vĂ­timas e na reconstrução da cidade.

AgĂȘncia Câmara NotĂ­cias

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