Na madrugada de terça-feira (4), uma operação policial deixou 12 mortos, após relatos de uma invasão promovida por um grupo armado de uma organização criminosa na região de Fazenda Coutos, em Salvador.
Para a coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, Tailane Muniz, os nĂșmeros mostram que a polĂtica de segurança precisa ser pensada para proteger os cidadãos e os moradores de toda a cidade.
"Quando 12 pessoas morrem numa ação policial, fica claro que a prioridade é o confronto e não a proteção. Os moradores da região enfrentaram mais de 7 horas de um intenso tiroteio, o transporte pĂșblico foi suspenso, e a pergunta que fica é quais os resultados disso? O que vai mudar depois de tantos tiroteios e tantas mortes? Os dados de chacina ajudam a entender que mesmo com tanta morte ainda carecemos de uma polĂtica eficiente e que dĂȘ os resultados esperados pela população", disse Tailane à AgĂȘncia Brasil.
Em nota, a Secretaria de Segurança PĂșblica da Bahia informou que a PolĂcia Militar intensificou o policiamento no bairro para conter a escalada da violĂȘncia e garantir a segurança da população.
"Na manhã desta terça-feira (4), durante incursões realizadas na ĂĄrea, houve resistĂȘncia armada por parte dos criminosos, resultando em confronto. No desdobramento da ação, 12 suspeitos foram alvejados, socorridos para o Hospital do SubĂșrbio, mas não resistiram aos ferimentos", diz a nota.
Segundo a SSP, durante a operação "um vasto arsenal foi apreendido, incluindo submetralhadoras, pistolas, revólveres, carregadores, munições, além de entorpecentes e balanças de precisão."
A SSP disse ainda que "todas as circunstâncias do confronto" jĂĄ estão sendo investigadas pela PolĂcia Civil, "com a realização de perĂcias pela PolĂcia Técnica, em conformidade com os protocolos legais".
"Por fim, esclarece-se que a ação policial ocorrida em Fazenda Coutos é pontual e não possui qualquer relação com o carnaval. O policiamento segue intensificado na região, com monitoramento constante para assegurar a tranquilidade dos moradores", diz a nota.
O Instituto Fogo Cruzado define chacina como qualquer evento em que trĂȘs ou mais civis são mortos a tiros na mesma situação, independentemente da motivação, seja assalto, disputa entre grupos armados ou operação policial. Quando as mortes ocorrem durante ações das forças de segurança, são classificadas como chacinas policiais.
Os nĂșmeros do instituto mostram ainda que Salvador lidera o ranking dos municĂpios com o maior nĂșmero de ocorrĂȘncias na Bahia. Desde 2022, foram registradas 63 chacinas, 46 em ações e operações policiais. Na sequĂȘncia vem Camaçari, com 16 chacinas, seis em ações e operações policiais; depois Candeias, com sete chacinas, sendo quatro em ações e operações policiais; Lauro de Freitas, com seis chacinas, sendo cinco em ações e operações policiais; e Simões Filho, com quatro chacinas, das quais trĂȘs foram em ações policiais.
Entre os bairros de Salvador, Águas Claras foi o que registrou o maior nĂșmero de chacinas, com quatro chacinas policiais. Na sequĂȘncia aparecem Arenoso, com trĂȘs chacinas policiais; Beiru/Tancredo Neves, com trĂȘs chacinas, sendo duas policiais; Caroba (Candeias), também com trĂȘs chacinas, sendo duas policiais; Cosme de Farias, com trĂȘs chacinas, sendo uma policial. Fazenda Coutos, Lobato, Pau MiĂșdo e Rio Sena também registraram trĂȘs chacinas, sendo duas policiais.
Segundo a ONG, entre as 373 vĂtimas de chacinas registradas, estão trĂȘs idosos, 347 adultos, nove adolescentes e uma criança, além de 12 pessoas cuja faixa etĂĄria não foi identificada.
"A maioria das vĂtimas era homens (345), representando 93% dos mortos. Outras 20 vĂtimas eram mulheres (5%), enquanto o gĂȘnero de oito pessoas não foi informado. Os dados também revelam que 39 pessoas foram mortas dentro de suas residĂȘncias, 19 em bares, oito dentro de automóveis e cinco durante evento", informa o Fogo Cruzado.
AgĂȘncia Brasil