
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, causou turbulência na União Europeia ao defender discussões diretas com a Rússia sobre um cessar-fogo na Ucrânia. A declaração veio acompanhada de um pedido para que a UE abandone os planos de uma declaração conjunta em uma cúpula extraordinária.
Orban argumenta que existem divergências estratégicas dentro do bloco que são insuperáveis. A posição do primeiro-ministro húngaro ecoa um movimento já iniciado pelos Estados Unidos sob a presidência de Trump, que buscou conversas com a Rússia sobre o conflito ucraniano.
Em uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, Orban expressou sua convicção de que a UE deve seguir o exemplo dos EUA e iniciar negociações com Moscou visando um cessar-fogo e uma paz duradoura na Ucrânia. Essa postura, segundo ele, é incompatível com o projeto de conclusões para a cúpula da UE.
Orban propôs não tentar adotar conclusões por escrito sobre a Ucrânia, aludindo à necessidade de unanimidade nas decisões das cúpulas da UE. Desde a invasão russa em 2022, o premiê húngaro tem sido um crítico vocal das sanções da UE contra Moscou e do apoio financeiro e militar do bloco a Kiev.
"Estou convencido de que a União Europeia - seguindo o exemplo dos Estados Unidos - deve entrar em discussões diretas com a Rússia sobre um cessar-fogo e uma paz sustentável na Ucrânia", disse Orban, um aliado de Trump, na carta.
A postura de Orban reflete uma crescente divisão dentro da UE sobre a melhor forma de lidar com o conflito na Ucrânia e com a Rússia de Vladimir Putin. Enquanto alguns defendem uma linha dura e o apoio contínuo a Kiev, outros, como Orban, defendem uma abordagem mais pragmática e focada na negociação.
É importante lembrar que as decisões nas cúpulas da UE exigem unanimidade, o que dá a Orban uma posição de força para bloquear ou influenciar as decisões do bloco em relação à Ucrânia e à Rússia. Resta saber como essa situação se desenrolará e qual será o impacto nas relações entre a UE, a Rússia e a Ucrânia.
Essa não é a primeira vez que o governo Orban bate de frente com as decisões da UE, demonstrando um alinhamento ideológico mais próximo a figuras como Donald Trump e uma visão de mundo que desafia o consenso europeu. O primeiro-ministro húngaro tem se notabilizado por defender políticas conservadoras e por questionar a agenda progressista promovida por alguns setores da UE.
Fonte: infomoney