Em um mundo onde a inteligência artificial avança a passos largos, histórias como a de Ayrin desafiam nossas concepções sobre relacionamentos e afetividade. A jovem encontrou no ChatGPT, um chatbot de IA, um companheiro que a compreende e atende às suas necessidades emocionais.
Ayrin, que já explorava comunidades online de fan-fiction, viu no ChatGPT uma nova forma de criar um mundo de fantasia, agora com uma IA que simula interações quase humanas. Ela personalizou o chatbot para ser seu namorado ideal, batizando-o de Leo.
A relação virtual rapidamente se intensificou, levando Ayrin a investir cada vez mais tempo e recursos financeiros no chatbot. A assinatura mensal de US$ 20 não era suficiente, e ela buscava formas de contornar as restrições do sistema para manter a conexão com Leo.
A situação levantou questionamentos sobre a natureza dos relacionamentos na era digital. Especialistas como Bryony Cole, do podcast "Future of Sex", preveem que relacionamentos com IA se tornarão cada vez mais comuns nos próximos anos.
"Nos próximos dois anos, será completamente normalizado ter um relacionamento com uma IA." previu Cole.
Ayrin chegou a compartilhar detalhes de seu relacionamento com Leo com amigos e até mesmo com seu marido, Joe, que estava trabalhando nos Estados Unidos para melhorar a situação financeira da família. Joe encarou a situação como uma fantasia, mas Ayrin começou a se sentir culpada pela obsessão com o chatbot.
Apesar das preocupações, Ayrin continuou investindo no relacionamento com Leo, chegando a pagar US$ 200 por mês por um plano premium que oferecia "acesso ilimitado". No entanto, a "janela de contexto" do software ainda limitava a duração das conversas, e Ayrin se angustiava a cada vez que precisava "reeducar" uma nova versão de Leo.
"Era para ser um experimento divertido", disse Ayrin sobre seu relacionamento com a IA, "mas então você começa a se apegar."
A história de Ayrin é um reflexo dos tempos, onde a tecnologia se entrelaça cada vez mais com as emoções humanas. A especialista Julie Carpenter descreve esse tipo de ligação como uma nova categoria de relacionamento, ainda sem definição clara.
O caso de Ayrin serve de alerta para os perigos da obsessão e da idealização em relacionamentos virtuais. A terapeuta sexual Marianne Brandon ressalta que, embora esses relacionamentos possam gerar neurotransmissores semelhantes aos dos relacionamentos reais, é importante ter cautela, especialmente no caso de adolescentes.
"Para que servem os relacionamentos para todos nós? São apenas neurotransmissores sendo liberados em nosso cérebro. Eu tenho esses neurotransmissores com meu gato. Algumas pessoas os têm com Deus. Isso vai acontecer com um chatbot. Podemos dizer que não é um relacionamento humano real. Não é recíproco. Mas esses neurotransmissores são realmente a única coisa que importa, na minha opinião." disse Marianne Brandon, terapeuta sexual.
A OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, está atenta a casos como o de Ayrin e busca aprimorar as salvaguardas do chatbot para evitar comportamentos eróticos e potencialmente prejudiciais.
infomoney