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Dia Nacional de Luta dos Povos Indí

Indígena cadeirante usa arte para mobilizar periferia em Pernambuco

Recife (PE), 06/02/2025 - Ramon Lira, o MC Kim, participa de projeto de Alice Melo, indígena cadeirante de 19 anos que usa arte para mobilizar periferia de PE.


Recife (PE), 06/02/2025 - Ramon Lira, o MC Kim, participa de projeto de Alice Melo, indígena cadeirante de 19 anos que usa arte para mobilizar periferia de PE. Foto: Ramon Lira/Arquivo Pessoal - Ramon Lira/Arquivo Pessoal.

O caminho de Alice fez diferença, e a indígena, junto com outros jovens, criou o coletivo Arte na Favela, que já conta com pelo menos 200 pessoas. "A ideia é trazer oportunidade, por exemplo, para os MCs da periferia gravarem músicas."

Um desses artistas que viu a vida ser transformada pelo apoio da amiga Alice foi o estudante Ramon Lira, conhecido pelo nome artístico de Kim, de 18 anos. "Eu produzo cultura hip hop, poesia e rap. Fazemos duelos entre MCs, em que sobressai o artista com o melhor conhecimento daquele tema."

Em geral, esses temas incluem as dificuldades de todos os dias, como a escassez de políticas públicas e os preconceitos contra quem mora na periferia. Os jovens artistas, com materiais gravados em mão, buscam patrocinadores, e isso faz diferença para o rapaz que perdeu o emprego de atendente em um restaurante no ano passado. Agora, Ramon espera viver da arte e ter dinheiro para cuidar do primeiro filho, que nasce em abril. "A gente pergunta se as pessoas podem contribuir com qualquer valor."

Ele diz que a responsabilidade da transformação do cenário deve ser creditada às ideias de Alice, que criou o movimento na comunidade. Segundo Ramon, as iniciativas de Alice têm se caracterizado pelo apoio às pessoas para que "não se desviem do caminho certo". "Ela conseguiu deixar a cultura forte no nosso bairro. A gente não quer que minha missão aqui seja em vão. O hip hop entrou na minha vida para poder transformar."

Ramon testemunha que as discussões a partir dos filmes de curta metragem desencadearam reflexões sobre a temática LGBT, a cultura negra e a exploração no campo profissional, por exemplo. O debate entrou nas letras dos raps sobre racismo.

Acessibilidade

Os efeitos de uma paralisia nas pernas, desde os 10 anos de idade, não desmobilizam os ideais da universitária em terapia ocupacional. Pelo contrário, Alice entende que ser uma pessoa com deficiência fez com que ela se sensibilizasse por outras pessoas que precisam de suporte. "Eu venho lutando muito pelos meus direitos, mostrando que nós, mesmo tendo deficiência, podemos trabalhar, estudar e sonhar."

Atualmente, ela mora sozinha e percorre trajetos que somam três horas em transporte público. "Nos meus debates com os jovens com deficiência, há, às vezes, os que se sentem desanimados com o diagnóstico. Eles acham que não podem mais construir uma vida. Eu quero mostrar para eles que podem, sim."

Os olhos da universitária brilham quando ela conta que quer se especializar em terapia ocupacional social. "Vou querer sempre ajudar a minha comunidade. Hoje tenho 19 anos. Mas não quero sair daqui."

Agência Brasil

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