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ONU

Brasil pode ter protagonismo em sessões da Comissão da Mulher na ONU

Nesta segunda-feira (10), começou em Nova York, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), o 69° período das sessões da Comissão sobre a Condição da Mulher (CSW69).


Nesta segunda-feira (10), começou em Nova York, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), o 69° perĂ­odo das sessões da Comissão sobre a Condição da Mulher (CSW69). As reuniões constituem o mais importante fórum internacional dedicado ao debate e à formulação de ações globais pela igualdade de gĂȘnero e empoderamento das mulheres e meninas.

Maior tratado multilateral sobre o tema, a Declaração de Pequim foi criada na 4ÂȘ ConferĂȘncia Mundial da Mulher, ocorrida na China, em 1995. A partir daĂ­, uma plataforma de ação com 12 ĂĄreas de preocupação passou a orientar governos e instituições sociais sobre iniciativas para avançar nessa agenda.

Trinta anos depois, os debates na CSW69 tĂȘm como tema a revisão e avaliação da implementação dessas iniciativas. Segundo a assessora especial do Ministério das Mulheres, Ísis TĂĄboas (foto), o relatório brasileiro, que subsidiarĂĄ a participação do paĂ­s no fórum, é resultado dos Ășltimos cinco anos de revisão e de avaliações regionais.

De acordo com Ísis, o documento apresenta claramente dois momentos diferentes que representaram retrocessos e avanços no fortalecimento das ações relativas ao tratado. "Um momento de desmonte institucional das polĂ­ticas pĂșblicas para mulheres no Brasil e depois uma retomada, a partir de 2023, com a criação do Ministério das Mulheres e com a recomposição orçamentĂĄria das polĂ­ticas pĂșblicas para mulheres", destaca.

Segundo Ísis, os Projetos de Lei OrçamentĂĄria apresentados nos Ășltimos anos deixam clara a importância dada por diferentes governos ao tema. Em 2016, por exemplo, o orçamento proposto para o órgão que gerenciava ações finalĂ­sticas voltadas para as mulheres foi de R$236 milhões. O projeto de lei orçamentĂĄria de 2023 previa somente 10% desse valor. "Em 2023, iniciamos o ano com R$ 23 milhões destinados às polĂ­ticas, às ações finalĂ­sticas voltadas para as mulheres. A partir de 2023, ao longo do ano, foi-se recompondo esse orçamento", lembrou.

Para Ísis, isso impactou diretamente no avanço das conquistas femininas por igualdade, direitos e liberdade. ViolĂȘncia, falta de acesso a direitos e outros desafios enfrentados por mulheres e meninas no paĂ­s ganharam espaço. "Um exemplo de impacto é o serviço Disque 180. Ao longo do processo de desmonte das polĂ­ticas pĂșblicas, ele foi unificado com o Ligue 100, que é outro serviço muito importante, mas não é especializado em mulheres, e sim em outras formas de violação, em outros grupos vulnerĂĄveis. Isso fez com que o nĂșmero de denĂșncias recebidas pelo canal diminuĂ­sse bastante."

Nos Ășltimos dois anos, o Brasil precisou de um processo de recomposição das polĂ­ticas e também avançou em novas ações que foram apresentadas no relatório, como a Lei da Igualdade Salarial, que prevĂȘ o lançamento semestral de relatórios de transparĂȘncia para todas as empresas brasileiras com mais de 100 funcionĂĄrios. "Isso nos dĂĄ um subsĂ­dio informacional bastante grande para que a gente possa promover polĂ­ticas de igualdade salarial", disse Ísis.

Na opinião da assessora do Ministério das Mulheres, o paĂ­s deve chegar aos debates da CSW69 com bastante protagonismo em diversos outros temas, em especial o enfrentamento da misoginia online, o protagonismo feminino para a justiça climĂĄtica e uma aliança global contra a fome e a pobreza. "Dentro do eixo da violĂȘncia contra a mulher, o Brasil pretende estimular o debate desse novo espaço relacional, em que tem havido crescimento exponencial da violĂȘncia, que são as redes sociais. Acho que, de maneira geral, a gente leva e reafirma os princĂ­pios democrĂĄticos de igualdade, diversidade e inclusão de todas as mulheres, respeitando as suas especificidades", concluiu Ísis.

AgĂȘncia Brasil

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