Maior tratado multilateral sobre o tema, a Declaração de Pequim foi criada na 4ÂȘ ConferĂȘncia Mundial da Mulher, ocorrida na China, em 1995. A partir daĂ, uma plataforma de ação com 12 ĂĄreas de preocupação passou a orientar governos e instituições sociais sobre iniciativas para avançar nessa agenda.
De acordo com Ăsis, o documento apresenta claramente dois momentos diferentes que representaram retrocessos e avanços no fortalecimento das ações relativas ao tratado. "Um momento de desmonte institucional das polĂticas pĂșblicas para mulheres no Brasil e depois uma retomada, a partir de 2023, com a criação do Ministério das Mulheres e com a recomposição orçamentĂĄria das polĂticas pĂșblicas para mulheres", destaca.
Segundo Ăsis, os Projetos de Lei OrçamentĂĄria apresentados nos Ășltimos anos deixam clara a importância dada por diferentes governos ao tema. Em 2016, por exemplo, o orçamento proposto para o órgão que gerenciava ações finalĂsticas voltadas para as mulheres foi de R$236 milhões. O projeto de lei orçamentĂĄria de 2023 previa somente 10% desse valor. "Em 2023, iniciamos o ano com R$ 23 milhões destinados às polĂticas, às ações finalĂsticas voltadas para as mulheres. A partir de 2023, ao longo do ano, foi-se recompondo esse orçamento", lembrou.
Para Ăsis, isso impactou diretamente no avanço das conquistas femininas por igualdade, direitos e liberdade. ViolĂȘncia, falta de acesso a direitos e outros desafios enfrentados por mulheres e meninas no paĂs ganharam espaço. "Um exemplo de impacto é o serviço Disque 180. Ao longo do processo de desmonte das polĂticas pĂșblicas, ele foi unificado com o Ligue 100, que é outro serviço muito importante, mas não é especializado em mulheres, e sim em outras formas de violação, em outros grupos vulnerĂĄveis. Isso fez com que o nĂșmero de denĂșncias recebidas pelo canal diminuĂsse bastante."
Nos Ășltimos dois anos, o Brasil precisou de um processo de recomposição das polĂticas e também avançou em novas ações que foram apresentadas no relatório, como a Lei da Igualdade Salarial, que prevĂȘ o lançamento semestral de relatórios de transparĂȘncia para todas as empresas brasileiras com mais de 100 funcionĂĄrios. "Isso nos dĂĄ um subsĂdio informacional bastante grande para que a gente possa promover polĂticas de igualdade salarial", disse Ăsis.
Na opinião da assessora do Ministério das Mulheres, o paĂs deve chegar aos debates da CSW69 com bastante protagonismo em diversos outros temas, em especial o enfrentamento da misoginia online, o protagonismo feminino para a justiça climĂĄtica e uma aliança global contra a fome e a pobreza. "Dentro do eixo da violĂȘncia contra a mulher, o Brasil pretende estimular o debate desse novo espaço relacional, em que tem havido crescimento exponencial da violĂȘncia, que são as redes sociais. Acho que, de maneira geral, a gente leva e reafirma os princĂpios democrĂĄticos de igualdade, diversidade e inclusão de todas as mulheres, respeitando as suas especificidades", concluiu Ăsis.
AgĂȘncia Brasil