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Câmara dos Deputados

Estudo da Câmara mostra aumento da destinação das emendas de bancadas estaduais para área de custeio

Até 2000, a maioria das emendas estaduais eram destinadas a ações estruturantes As emendas de bancadas estaduais ao Orçamento da União têm se concentrado no atendimento de demandas municipais, principalmente no setor de custeio da máquina pública.


Até 2000, a maioria das emendas estaduais eram destinadas a ações estruturantes
As emendas de bancadas estaduais ao Orçamento da União tĂȘm se concentrado no atendimento de demandas municipais, principalmente no setor de custeio da mĂĄquina pĂșblica. Em 2024, 57% do valor total dessas emendas foram destinados para custeio.

Essa é uma das conclusões de estudo feito por consultores de Orçamento da Câmara a pedido da deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

Os deputados e senadores podem fazer emendas à despesa do Orçamento da União de trĂȘs tipos: individuais, de bancadas estaduais e de comissões permanentes.

De acordo com os consultores da Câmara EugĂȘnio Greggianin, Giordano Roconi e Vladimir Gobbi Jr., entre 1996 e 2000, as emendas de bancadas estaduais eram destinadas para empreendimentos e ações estruturantes nos estados.

"A elevada demanda por recursos de investimento gerava intenso debate em torno dos critérios de distribuição por UF [unidade da Federação] durante a fase de apreciação do PLOA [projeto do Orçamento], com a presença constante de governadores e secretĂĄrios de estado na sede do Congresso Nacional", afirma o estudo.

Mudança nos Ășltimos anos
O documento mostra que, com o tempo, houve uma migração paulatina do objeto das emendas coletivas, "as quais passaram a veicular ações genéricas, passĂ­veis de divisão ou partilhamento durante a execução".

Essa mudança, segundo os consultores, representou, em boa medida, uma forma de "ampliação das emendas individuais, fragilizando a isonomia entre os parlamentares".

CarĂĄter estruturante
A legislação diz que as emendas de bancada tĂȘm que ter carĂĄter "estruturante", mas a tendĂȘncia, segundo o estudo, seria de "individualização".

O carĂĄter estruturante se daria por programações de carĂĄter estratégico, com benefĂ­cio amplo e duradouro para todo o estado, como uma grande obra pĂșblica ou um hospital de referĂȘncia.

A "individualização" se refere ao processo de fracionamento de dotações para atender, durante a execução, demandas localizadas.

Normas
O estudo da Consultoria conclui também que a Lei Complementar 210/24 não tem uma redação clara quanto à proibição de uma emenda contemplar mĂșltiplas obras no âmbito de um estado.

A legislação diz que as emendas podem tratar de obras, mas também de "demais ações e equipamentos pĂșblicos prioritĂĄrios", sem esclarecer requisitos e caracterĂ­sticas.

Outro dispositivo considera prioritĂĄrias praticamente todas as polĂ­ticas governamentais. Dessa forma, a seleção dos projetos e ações considerados estruturantes depende fundamentalmente dos órgãos setoriais.

MunicĂ­pios
O texto dos consultores mostra ainda que houve um aumento dos valores de emendas de bancadas estaduais executados por municĂ­pios. Isso é viabilizado por uma troca da modalidade de aplicação durante a execução do Orçamento.

Em 2024, os empenhos de emendas de bancada alcançaram 2.827 municĂ­pios.

Custeio
De 2017 para 2024, o o percentual de emendas destinado ao custeio subiu de 27% para 57% do total.

A preferĂȘncia, segundo o estudo, pode ser justificada pela maior rapidez e eficiĂȘncia nos repasses, se comparado a investimentos.

Equidade
Ainda de acordo com os consultores, a crescente alocação de emendas em despesas correntes, principalmente para a saĂșde, reflete as necessidades municipais, mas levanta questões sobre a sustentabilidade e a equidade na distribuição dos recursos.

As bancadas estaduais tĂȘm valores iguais para as suas emendas.

Orçamento de 2025
Do valor das emendas de bancada estadual apresentadas (R$ 14,3 bilhões) ao Orçamento de 2025:

Além disso, 51,5 % das emendas foram destinados ao Fundo Nacional da SaĂșde, a maior parte na forma de transferĂȘncias aos fundos municipais. Depois da SaĂșde, vĂȘm os ministérios da Agricultura, Cidades, Integração e Justiça.

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