Portal de NotĂ­cias AdministrĂĄvel desenvolvido por Hotfix

Guerra Rússia-Ucrânia

Reforma do capitalismo nos EUA causa reviravolta em Guerra da Ucrânia


Pibaxay ELG21

Del Roio avalia que Trump tenta uma alternativa à situação atual da economia dos EUA. "Se a alternativa é boa ou ruim, para os EUA e para o mundo, vamos ver. O que estĂĄ em jogo é a reestruturação do capitalismo norte-americano a partir do seu interior", acrescentou.

Para o analista, a Europa vai precisar se reinventar e avalia que tanto a Otan, quanto a União Europeia (UE), devem se desintegrar. "Esse terremoto interno nos EUA atinge profundamente a Europa. Agora, ela estĂĄ órfã", completou.

Para especialistas em relações internacionais consultados pela redação da AgĂȘncia Brasil, a Guerra da Ucrânia marca o inĂ­cio de uma nova ordem global com o fim da arquitetura de poder criada após a 2ÂȘ Grande Guerra.

O professor de relações internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ElĂ­dio A. B. Marques, lembra que, quando a guerra começou, em fevereiro de 2022, a Europa vinha se aproximando da RĂșssia, especialmente por causa da necessidade do gĂĄs barato russo.

ElĂ­dio diz que o conflito levou o continente, em especial à Alemanha, a se alinhar de maneira incondicional à posição de Washington, que tentava isolar Moscou. "Contraditoriamente, a nova polĂ­tica dos EUA pode significar uma aceleração do fim do conflito na sua forma atual. Agora, com a interferĂȘncia do Trump no processo, a Europa fica ainda mais rebaixada a um aliado ainda menos relevante", completou.

Ucrânia

As exigĂȘncias impostas por Trump à Ucrânia, como o acesso à recursos estratégicos do paĂ­s, é visto pelos especialistas como uma chantagem e um tipo de relação que retoma à escravidão.

O presidente estadunidense quer controlar recursos do território ucraniano, como as chamadas terras raras, grupo de 17 elementos quĂ­micos de interesse das grandes potĂȘncias. Trump alega que a Ucrânia deve retribuir a ajuda militar e financeira de cerca de U$S 350 bilhões para a guerra.

A doutora em relações internacionais e professora da FIA Business School, Carolina Pavese, avalia que a proposta viola os princĂ­pios mais bĂĄsicos da diplomacia comercial.

"Uma chantagem extrema. Essa contribuição não é uma doação. Quando os EUA ajudam a Ucrânia, na verdade, estão ajudando sua própria indĂșstria bélica porque a maior parte dela foi canalizada para armamentos produzidos nos EUA", disse.

Para Pavese, Washington tenta reservar os recursos da Ucrânia para corrida tecnológica. "Esses elementos de terras raras são muito concentrados em poucas geografias. Os EUA querem impedir que a Europa e a China tenham acesso a esses recursos. A Ucrânia tem 20% do grafite do mundo", completou a também professora do Instituto MauĂĄ de Tecnologia (IMT).

Para o especialista José Luiz Del Roio, as exigĂȘncias de Trump para Ucrânia remontam a uma relação de tipo escravocrata. "Isso é uma coisa implacĂĄvel. É a destruição e escravidão em uma população. Mesmo que o governo ucraniano tenha sido ladrão [dos recursos enviados pelos EUA], e parece que foi, vocĂȘ não pode cobrar da população", ponderou.

Nova Ordem Mundial

O professor da UFRJ, ElĂ­dio Marques, afirma que a invasão da Ucrânia marcou o fim da ordem mundial criada em 1945. "Uma grande questão para todos os atores é a de como se posicionar para se defender das ondas de turbulĂȘncia produzidas por esta mudança", pontou.

Avaliação semelhante faz Del Roio, que diz que serĂĄ preciso construir um novo arcabouço institucional para as relações entre os Estados nacionais. "É necessĂĄrio um esforço muito complicado. SerĂĄ preciso sentar-se RĂșssia, China e Estados Unidos para tentar, se for possĂ­vel, desenhar um novo arcabouço", informou.

Para o especialista, não serĂĄ possĂ­vel excluir a Índia dessa equação e a África teria que ser levada em consideração, principalmente devido à sua expansão demogrĂĄfica acelerada.

"Todo o arcabouço mundial vai ter que ser refeito. Requer muita coragem, muita inteligĂȘncia, pouca ambição dos Estados e uma grande ambição à humanidade porque a situação não estĂĄ boa, não. Essa mudança é justa porque a Europa era um centro mundial e hoje não é mais, e serĂĄ sempre menos", completou.

RĂșssia

JĂĄ a RĂșssia sai fortalecida no cenĂĄrio global dessa guerra com a nova conjuntura, tendo suas demandas atendidas, como a aquisição dos territórios do leste e a não adesão de Kiev à Otan, avaliou a doutora pela London School of Economics, Carolina Pavese.

"Direta ou indiretamente, os EUA estão ajudando Moscou a sair fortalecida perante o continente europeu. E ela ainda continua exercendo forte influĂȘncia global, como na China ou com o Irã, paĂ­ses com os quais, ao contrĂĄrio dos EUA, a RĂșssia tem um canal de diĂĄlogo forte. Nesse sentido, fortalece a RĂșssia não só na região, mas na polĂ­tica internacional", analisou.

AgĂȘncia Brasil

Internacional Guerra Rússia-Ucrânia EUA Trump Putin

Assine o Portal!

Receba as principais notĂ­cias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar GrĂĄtis!

Assine o Portal!

Receba as principais notĂ­cias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar GrĂĄtis!