Em 2023, mais de 9 milhões de jovens abandonaram os estudos antes de concluir a educação básica. A maior parte das pessoas que não terminou a escola tem entre 18 e 24 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A necessidade de trabalhar foi o principal motivo apontado para o abandono escolar.
No caso de Maria Almeida, que saiu da Paraíba para morar em Brasília aos 13 anos de idade, foi a necessidade de trabalhar que a tirou da escola. Aos 17 anos, ela voltou a estudar, mas novamente precisou interromper para trabalhar e cuidar dos dois filhos. Passaram-se 39 anos até ela ter a oportunidade de retornar para a sala de aula. Hoje, aos 65 anos, ela estuda na educação de jovens e adultos (EJA), se prepara para o vestibular da UnB e pretende fazer o curso de serviço social. "Eu me considero um exemplo e eu acho que todo mundo tinha que conhecer a importância que é o estudo. Não importa o tempo", afirma Maria.
Uma das estratégias para diminuir a evasão escolar é o programa Busca Ativa Escolar, desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que busca contribuir com governos para apoiá-los no enfrentamento da exclusão escolar. "A Busca Ativa Escolar, ao longo desses anos, contribuiu para a identificação de mais de 600 mil casos de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de abandono e, efetivamente, já contribuiu para a rematrícula de quase 300 mil crianças e adolescentes", afirma Julia Ribeiro, especialista em educação no Unicef Brasil.
Em Águas Lindas de Goiás, a equipe do Caminhos da Reportagem conheceu a história da adolescente Monalisa Brito, que foi resgatada pelo projeto Evasão Zero, de combate à desistência escolar no município. A cidade também aderiu ao programa do Unicef, e jovens como Monalisa receberam apoio para continuar os estudos. A mãe da jovem precisou acionar a Secretaria de Educação para garantir vaga para a filha em escolas próximas de casa. "Se eu tivesse abandonado a escola, acho que não teria tantos sonhos e oportunidades. Acho que já estaria trabalhando", conta Monalisa.
A professora Edileuza Fernandes, coordenadora do Observatório da Educação Básica (ObsEB), ressalta que pessoas com deficiências, indígenas, quilombolas e estudantes de áreas rurais estão entre os mais vulneráveis à evasão.
Entre os principais motivos para o abandono escolar estão, além da necessidade de trabalhar, a gravidez na adolescência, a dificuldade de acesso à escola (seja pela distância, seja por não ter dinheiro para o transporte) e a repetência, que afeta a autoestima dos estudantes. Segundo Catarina Santos, "repetir muitos anos a mesma série leva ao desestímulo e também à evasão."
Outra iniciativa para conter a evasão escolar é o programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação (MEC). Um dos pilares do programa é o apoio financeiro, um incentivo para que os jovens permaneçam na escola e não faltem às aulas. "A gente precisa lembrar que no Brasil, todos os anos, quase 500 mil jovens abandonam o ensino médio. Isso é uma realidade muito dura, a gente está falando de meio milhão de jovens brasileiros que deixam de sonhar, deixam de acreditar no próprio potencial e abandonam a escola", afirma o diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Básica do MEC, Alexandre do Nascimento Santos.
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Agência Brasil